segunda-feira, 8 de novembro de 2010
degraus vermelhos
a velha casa
espera-me em sonhos e pesadelos
como o desvão
de fraturas no cimentado
e nos vãos da calçada de tijolos refratários
(e suas superfícies vítreas)
assim como as rangedoras portas e janelas
taramelas que cantavam
anunciando as chegadas e partidas
os lumes tentavam
desesperados furar o escuro da noite
onde vaga-lumes verdes
emitiam estranhos sinais
e olhos infantis e medrosos
viam coisas em meio às sombras
noites sem lua
noite de assombro
de ouvir as formigas subindo na parede
e monstros sorridentes sobre o guarda roupa
piar de coruja
nos velhos esteios
silvo de vento que cortavam
as dobras dos corredores
a velha casa
sobrevive ao seu fim
a jovem que cresceu sobre suas raízes
ainda é árvore de seus tijolos
o tempo não comeu suas paredes
de argamassa de caulim e terra
de reboco que mostrava suas veias no verão
na caiação trincada
desenhando mapas imaginários
de lugares inexistentes
(mas ali presentes)
a velha casa
e sua varanda de degraus vermelhos
carrego-a nas costas
o tempo todo
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