segunda-feira, 8 de novembro de 2010

manancial



Edson Bueno de Camargo

hoje
a poesia me abandonou
no deserto
na beira de uma cisterna seca
com pedras em suspensão

de cada seixo rolado
abandonado ao fundo
palavras e letras se espelham

o deserto é branco
celulose selvagem
tecido fibra por fibra

a água espera em algum manancial
a língua (seca) escassa
tem pressa

as pedras enchem minha boca
em algum alívio mineral
assim como as serpentes
que fogem do sol escaldante

o deserto é um mar que morreu um dia
o sal que ficou
agora dói em meus olhos

Nenhum comentário: