Edson Bueno de Camargo
há um abismo de palavras
entre eu e meu pai
assim como havia entre ele e o seu falecido pai
e o pai de meu pai e o seu pai
até que se chegue
ao primeiro macho reprodutor de minha linhagem
como se as línguas se congelassem
no instante da palavra
em que os homens são rivais
em sua progenitura
no entanto
como a poesia se faz de silêncios
e ausências
o calar de meu pai
também me ensinou sobre a poesia
Um comentário:
O silêncio, por trás das palavras, já é poesia.
Um abraço.
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