Edson Bueno de Camargo
há um bezerro alucinado
correndo com suas coxas de cobre
e cascos de pederneira
ateando fogo no mundo
e apagado em seguida
por anjos de asas bem aparadas
sua língua lambe luas
estrelas que não germinaram
e trípticos holandeses ainda cheirando a tinta
( a erva é tão fresca nos prados representados)
um escuro azul
preso no centro de minha mão
que escorre com o limo das eras
da devastação
que vive presa entre as dimensões paralelas
algo entre o centro geodésico da circunferência da íris
e o último átomo da ponta de uma agulha