Edson Bueno de Camargo
um relógio mostra as horas ao contrário
vento de gelo
percorre a espinha
(sombras secas)
rio de almas afogadas
e ouvidos de pedra-pomes
a recordar vulcões extintos
(mas ainda perigosos)
móbile de sonhos infantis
dourado e cinza de azul
que quebram-se em pedaços sonolentos
(pedras para a casa dos mortos)
atravessada por partículas cósmicas
morna manhã
de gramados eternos
onde nunca foi ou será primavera
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