Edson Bueno de Camargo
um cão ladrando
em noite de chão de pedras
desertos de cascalho e alcatrão
(cheiro de pó de tempo)
as narinas recordam
os muitos degraus
cova de sete palmos
medidos para longe da morte
das quatro patas da chuva
das árvores de frutos amargos
do silêncio branco e luminoso das tardes
vestir-se de manhã
com as armas de guerra
mortalha por mantilha da armadura
tomar a primeira refeição com cuidado
feito condenado à forca
gravata por corda
sapato por cadafalso
a linha que sustenta
a teia do mundo
periga romper junto ao dia
cair de abismos de sonhos
e não acordar
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