sexta-feira, 18 de maio de 2007

diadema

Edson Bueno de Camargo


teu sexo
uma flor aberta para o Sol
onde o sal flúor relampeje
e cegue os néscios que carregam
dardos cravados ás costas

teus seios órbitas perfeitas
carregam constelações estelares
no leite de teu colo

tu perfumas minha presença
que dispo a baila
a barca de sombra e cheiros sombrios
tua carne me faz carne
e a ti pertencem as duas


usa este diadema
como corola de espinhos
o sangue lavado das costas
serve como vinho
verte prata destas lágrimas
e dá aos pobres da terra


cânticos parados no vento
uma monarca migrando contra o verbo
teus cabelos roçando em meu peito
anátema dos silêncios oclusos

para uma única palavra
negava o fogo aos homens
para adornar os teus pés
e destruiria e reconstruiria o mundo
tantas vezes fosse necessário
retornaria ímpio entre os meus
com tu viveria o desterro no deserto

mas não
nem um único sibilo cingiu os teus lábios
um sorriso que fosse


então me pari homem e menino
e me tomaste no regaço de teus braços

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