domingo, 6 de maio de 2007

cruz espelho

Edson Bueno de Camargo

1

homens de areia
se dissolvem na praia
sempre ali nunca estiveram

pedras rosetas para recontar meus sonhos
de forma que os leões façam tanto sentido quanto a pedra
na cruz espelho atirada ao longe
pelo ancião que a cada dia me torno

o ácido vento que no tempo fez guarida
pintou o telhado de minha casa
com a flora de algas

tons de verde que se estendem
numa minúscula tundra
florescências e florestas minimalistas

2

este crescente que se derrama
sobre meus cabelos
e permitem a estes o branco

eqüinos se formam no substrato
de solos vermelhos

conto cavalos de areia
que irrompem
cargas de cavalaria
cavalgadas de vento sem esporas e celas

3

bailam demônios em meus ouvidos
e seus ossos brilham como ouro sob a pele

curvo-me com as vergas do teto
acendo minha pira funerária
desato de minha língua o verbo

busco em tua boca aquilo que faz meu sentido

Nenhum comentário: