quinta-feira, 20 de abril de 2006

com luz a boca

Edson Bueno de Camargo


quando a folha pássaro
cortou os cordames
que intuíam o fluxo do fogo
sob às águas

senti que queima a pele nova
e pelos eriçados
como pergaminho envelhecido e seco
a antiga jaz sob a sombra
de carvalhos e florestas

liquefazem os sentidos
ácido cristalino sob a íris
quando cristais de cálcio se precipitam
carvão atmosférico
dor intermitente

há algo de divino
quando sorris com luz a boca
quando dormis vestida de pelos
sob lençol que não te esconde nada

e eu que observo
como fauno que deseja uma Deusa

Nenhum comentário: