Edson Bueno de Camargo
oito cadáveres de deus
jazem lá fora
(sangue e moscas abençoados)
sobre o granito frio e molhado do calçamento
a espera que o sol nasça
e os anjos os busquem
e retornem novamente
após a chuva
:
os matei um a um
assim que nasciam
de abóbadas azuis celestes
até que tudo parou
e pude sentar nos degraus em ruína
e fumar um cigarro
como prêmio à tarefa realizada
depois dormi lentamente
atado aos teus cabelos
com a cabeça sobre teus pés
tentando entender uma passagem obscura do Zaratrusta
(Nietzsche me reprova de seus bigodes
o tempo todo)
nestes dias sem dias
que o mundo se transforma
Nenhum comentário:
Postar um comentário