quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

oito cadáveres de deus



Edson Bueno de Camargo


oito cadáveres de deus
jazem lá fora
(sangue e moscas abençoados)
sobre o granito frio e molhado do calçamento
a espera que o sol nasça
e os anjos os busquem
e retornem novamente
após a chuva

:

os matei um a um
assim que nasciam
de abóbadas azuis celestes
até que tudo parou
e pude sentar nos degraus em ruína
e fumar um cigarro
como prêmio à tarefa realizada

depois dormi lentamente
atado aos teus cabelos
com a cabeça sobre teus pés
tentando entender uma passagem obscura do Zaratrusta
(Nietzsche me reprova de seus bigodes
o tempo todo)
nestes dias sem dias
que o mundo se transforma


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