Edson Bueno de Camargo
homens nascidos
sob a lua minguante
ao beberem da água do nascimento
nascem secos como madeiro de esteio
vestidos de argamassa argilosa
são crus como adobe
secam ao sol
e se tornam duros
como terra batida de cupinzeiro
moldam-se ao vento
lutando contra sua direção
não se dobram
percorrem o seu desenho
no silêncio
falam línguas de fogo
e descansam nos olhos
anjos de cobre luzidio e flamejantes
aos que rebentam em julho
na procura por nuvens
quando ainda há pouca água nas cacimbas
e o calor do dia
tornam-se enigmáticos no frio da noite
quando se voltam a um ponto geográfico
como uma rosa dos ventos humana
(profetas do tempo)
determinam o lado que virá a chuva
e na velhice
estes seres
criaturas envenenadas pela palavra
passam a falar
a língua das bocas fechadas
e da fuligem dos fornos
arcam-se em reverências exacerbadas à terra
não morrem sem deixar nos pergaminhos
todos os seus possíveis epitáfios
Nenhum comentário:
Postar um comentário