Duda Groisman/FotoRepórter/AE
Edson Bueno de Camargo
para Roberto Piva
o velhote
(e suas barbas cinzas)
devora as pedras do calçamento
risca fogo
com seus dentes de urânio
e nicotina pétrea
papeis soltos
em meio ao vento
remoinhos
acalentam o meio-fio desta cidade de plástico
todos com cuidado coletados
(podem conter os nomes de deus)
restos de nobreza
em frangalhos de sedas e brocais
(mantos cerimoniais e clericais)
sua carruagem
de pneus arruinados
e alma de geladeira devastada
sua fome de granito
contorna a tormenta da tarde
pedras devolvidas
em graduais ondas de palavras
o senhor de cabelos de fios elétricos
cinza telefônico
é perfeito arauto de seu tempo
o velhote é um profeta
mas não o ouvimos
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