Edson Bueno de Camargo
há um desenho
perfeito em teus olhos
de acumular pedras da estrada
e icebergs a deriva
água pura
a salvo
para que se tome
um chá de gosto indiscutível
antes de se morrer
Afagar os pelos de uma lagarta de fogo; se afastar da dor e da febre;escutar os lamentos da pele, o eriçamento dos pelos: o veneno dos olhos.
7 comentários:
"Talvez estejamos escrevendo nosso testamento em cada poema. Cada poema seja uma pequena carta suicida."
Nós e estas flores do mal...
Indiscutível é a beleza desse poema, Edson. Há um desenho perfeito também nele, antes do ponto final.
Edson meu caro!
que coisa magnífica é tua poesia. estive passeando pelo blog, adicionei-me como seguidor para nao perder o rastro.
tudo de muito bom gosto.
Parabéns! Muitissímos Parabéns!
daufen bach.
Edson, andei, circulei, neste imenso jardim onde se respira arte. Adorei estar aqui.
Voltei e tive vontade de comentar esse lindo poema. Quando entrei, vi que já tinha comentado.
Mas é lindo demais!
Gostei da ideia do testamento, lançada acima. É o que sinto quando escrevo. E a ideia da carta suicida? O não dito, o não querer partir, sempre há uma palavra mais, um recado, uma euforia (encontramos o sentido da vida, no sair dela). É de se afogar.
(Escrevi aforar em lugar de afogar. O verbo não existe, mas deveria, é mais uma possibilidade de imagem - de poesia.)
Abraços.
Lutamos como loucos para não se afogar, a palavra muitas vezes é a tábua de salvação que mal flutua.
Se os verbos não são suficientes, os inventamos.
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