Edson Bueno de Camargo
não havia flores na janela
nenhum verde conversava com aquela tarde
toda a terra agreste
como este gole de secura
como este galo que não canta
que tomava madeiras velhas
e cercas malcuidadas
o ar caminhava em grandes blocos
nenhum perdão para o calor
pedaço de ferro e ferrugem
ferramentas que perderam a função
junção de entroncamentos mudos
esqueletos de canos expostos
saudades de gotas na torneira aberta
cada dia que nasce
é de uma tristeza de ninho vazio
tão grande que abraça este ermo
de vidro esperando o corte
corpos exportados para a distância
cada vez mais longe
cada vez mais nunca
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