segunda-feira, 22 de junho de 2009

o oráculo

Edson Bueno de Camargo

1

o oráculo se abaixa à terra
respira profundamente o seu cheiro
experimenta o gosto de seu sal
e escuta os gemidos
das multidões que ali passaram

o ferro tomado à terra
será devolvido em sangue
o que foi tomado pelo fogo
retornará em incêndio

o oráculo também chora
seus dedos tremem
e brotam-lhe folhas
há galhos de árvore no templo
verdes mesmo em face ao inverno

2

aqui dentro é perene primavera
não abram as portas
para que se conserve assim

caminhe seus pequenos pés
nos ladrilhos do pátio

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