terça-feira, 5 de junho de 2007

quelônio

Edson Bueno de Camargo


quelônio ao Sol
coração de três cavos
batendo desde a aurora do mundo
tambores ancestrais
fluxo sangüíneo do tempo

fatias de abacaxi secam perto da noite mordente
quintal varrido
o som oco de tardes desmoronando
(sentado no degrau da cozinha
observa)

o cruzeiro no brilho do dia
o céu violeta encobria violências
torção de torrões
o chão úmido de lágrimas e sangue

(me engasgo no leite materno
a exatos 45 anos)
não gostava das calças curtas que minha avó costurava
aprendia solidão com a lição dos olhos

a gestação nos corredores da fábrica
peça de reposição de porcelana

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