quarta-feira, 26 de julho de 2006

Tatuei as letras.

Edson Bueno de Camargo

podia ser
uma única letra
o justaposto
e o princípio

estampei a tinta, aço e sangue
na altura das costas
bem aqui
no côncavo
sobre a omoplata
profundamente
quando não era mais ser

haviam
neste esféricos
de vidro soprado
as flores do século
do outro hemisfério

tatuei então
as letras de seu nome
nas pontas dos meus dedos
para que
no toque do sexo
te reescrevesse

costurei para dentro
o umbigo
para sem a marca
não ser mais nascido

(me desculpe a Mãe)

apaguei a letra de meu nome
e tornei a ser paria
entre os vivos

(me desculpe o Pai)

cabiam nestes hemisféricos
cálices de carmim transparente
álcool negado
às garrafas esféricas
de azul água feito turmalina

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