segunda-feira, 10 de julho de 2006

a agulha

Edson Bueno de Camargo

a agulha
puxa a linha
junta carne com a carne
e o sangue com o sangue

segue-se uma onda
de calor e frio
o suor corre na testa
para formar uma gota
que corre o espaço vazio
entre o chão e a testa
(da nova agulha)

o frio quebra o gelo
um iceberg num copo
e um pouco de scoth

o toque do aço
abriga
carinho a carvão

corre por dentro do tecido
cose músculo e nervo

o espanto
não cabe
em uma sala branca
e anticéptica
(é preciso sair e fumar um cigarro)
( o último do maço)

escuta a dor
subindo do chão de ladrilhos
exuda agulhas pelo braço
rompe a pele frágil da barriga
(apenas uma menina)

empapa em sangue a camisa
(obra demoníaca ou milagre)

a agulha é do aço
mais puro
ponta de irídio
cura, do carvão e do cal

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