quarta-feira, 10 de maio de 2006

o último girassol de tua boca

Edson Bueno de Camargo

o duro cristal de tua íris
reflete meu desejo
que em gozo ardente
parte em febre
abraçado ao último girassol de tua boca
que espremem com vento
as cabeças brancas dos dentes de leão
explodem em nuvens

urge que façamos o sexo
aqui e no agora sempre
porque o negro odor da santidade
nos persegue em nossos medos
nos excluem de nosso prazer
como se esgoto da civilização fosse o orgasmo
não poluir o mundo de filhos

se fosse sempre o orgasmo não se construiriam muros
nem catedrais
nem presídios

olhe meu amor
as naves para Vênus
partiram anteontem
e hoje se sujo de amora
no bico do teu seio
e o único Deus que respeito agora
é a mulher
a cabeça em teu ventre é oração
o teu sexo úmido são meus cânones

porque a urgência de poesia
chegou bem tarde
e aqueles que amam a justiça
serão bem aventurados

Nenhum comentário: