Edson Bueno de Camargo
as esporas
dos galos vermelhos da manhã
riscavam as pedras de Cusco
com aço e fogo
tinir de sinos
e o bronze do sol
as moças lavavam
os cabelos na fonte
e a fronte dos cavalos
também era vermelha
porque a grama
ninava os meninos
e suas esporas de prata
e abotoaduras de ouro
e dentes de metal
tudo brilhava ao sol
despiam-se os milharais
no fim da safra
um imenso amarelo
e seus grãos
e era verão
no coração dos homens
e baixo ventre das mulheres
no calor da tarde
a grande árvore
abraçava a praça
e ao longe galos novos
testavam os quintais
bicando o oco do horizonte
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