sexta-feira, 27 de maio de 2011

lento incenso



Edson Bueno de Camargo


as rosas apendoam no jardim
grandes buquês brancos
anunciam o fim do verão
tempestades de fim de março
a entoar hinos à gravidade

são sinos a tinir todos
com o som de trovões
de carvão ardente

este pedaço de mundo é a paz perdida
cela de monges montanheses
em pérfida misantropia

as dores do luto
não abandonaram
o choro convulsivo
de grandes cinzeiros cheios

precipita a fina garoa
e o cigarro queima lento incenso

o poema não se conjumina
à xícara abandonada
que faz aniversário de uma semana onde está

5 comentários:

José Carlos Brandão disse...

Olá, Edson!
Bom ver que você continuo em franca atividade. Produzinto criativamente. A poesia é uma forma de nos manter vivos.
Um grande abraço.

Anônimo disse...

Edson, mais que comentar esse teu poema, grande e belo poema, quero reler e reler, abstrair sem nomear nada... não interpretar, que ele pode me levar a lugares dos quais me perca e não saiba mais retornar... antes senti-lo, como furacão no rosto.

Partilho-o no meu mural, com tua permissão.

Grande abraço.
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Katyuscia

Edson Bueno de Camargo disse...

A poesia é livre depois que sai de nós, faça dela o que quiser.

XXX disse...

Muito bom, muito bom. Mas com todo respeito, tente usar menos imagens e enfatizar algumas. Só a minha opinião...

Edson Bueno de Camargo disse...

nenhuma obra é conclusa, sempre pode ser mexida, alterada, reescrita, a única coisa impossível e a morte.

mas acredito que não consiga escrever muito diferente disto, sou pupilo de Claúdio Willer e Paul Valery, sem imagens poéticas me sinto pelado, o poema nú é bom, eu não.rsrs