sexta-feira, 27 de maio de 2011

amianto



Edson Bueno de Camargo


vulva com dentes
de amianto
a mastigar o câncer de cada dia
fornalha de vitrificar entranhas
azulejos vermelhos
de sangue e água
ao calor que ali espera
guardar ternos
em conforto
de aquários precipitados

2 comentários:

Anônimo disse...

Um dos poemas que mais me "assombraram" entre tudo que tenho lido nos últimos tempos.

Desafio à beleza em carne viva; é de escrita assim que minha sede de leitura se nutre e arrepia.

Não é à toa que aqui se faz afago a pelos que queimam.

Grande abraço, com admiração.

Edson Bueno de Camargo disse...

é por isso que escrevemos, pelo "assombro", é para isso que escrevemos, o "assombrar". (inclusive nós mesmos).