Edson Bueno de Camargo
vulva com dentes
de amianto
a mastigar o câncer de cada dia
fornalha de vitrificar entranhas
azulejos vermelhos
de sangue e água
ao calor que ali espera
guardar ternos
em conforto
de aquários precipitados
Afagar os pelos de uma lagarta de fogo; se afastar da dor e da febre;escutar os lamentos da pele, o eriçamento dos pelos: o veneno dos olhos.
2 comentários:
Um dos poemas que mais me "assombraram" entre tudo que tenho lido nos últimos tempos.
Desafio à beleza em carne viva; é de escrita assim que minha sede de leitura se nutre e arrepia.
Não é à toa que aqui se faz afago a pelos que queimam.
Grande abraço, com admiração.
é por isso que escrevemos, pelo "assombro", é para isso que escrevemos, o "assombrar". (inclusive nós mesmos).
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