Edson Bueno de Camargo
a paisagem urbana
se amarra ao por do sol
em cabos elétricos e postes
luminárias de fogos ardentes
ao tomar ares de nave espacial venusiana
os fios costuram o céu
em armações e nervuras
como capilares sanguíneos
que se enredam por toda cidade
onde sangue de elétrons
transportam movimento e números
as construções buscam a luz
competem em devorar horizontes
dia a dia
jardins estéreis da babilônia
recobrem a terra ao infinito
muralhas sem reboco
babel que nunca termina
devora cimento virado nas calçadas
em manhãs de domingo
fome insaciável de pedra e cal
e lajotas vermelhas
que nunca cobrem suas vergonhas
a cidade é orgânica
monstro vivo e cada vez mais lento
e somos os parasitas
que habitam a sua barriga
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