segunda-feira, 30 de agosto de 2010

contas de vidro



Edson Bueno de Camargo



doses de amargo
quebram as pétalas das flores
em agridoce semelhança com a vida
(mas ainda assim desigual)

pagar o dízimo
das contas de vidro perdidas
entre os dentes
e caídas
dos dedos senis e trêmulos

o amor é uma construção permanente
o cimento que une o universo
e há mais metafísica
em olhares adolescentes apaixonados
(e seu brilho doentio)
do que nos arcanos
das esferas orbitais de júpiter
e contornos oculares de Galileu
(suas derradeiras ferramentas)

o ósculo da matéria
cinco segundos antes da destruição total
nos revelará de vez
a verdadeira verdade

mas ai será tarde

Nenhum comentário: