terça-feira, 11 de maio de 2010

René Magritte

René Magritte, La Reconnaissance Infinie (1963)

Edson Bueno de Camargo




no alto de um poste
um homem lê um livro de poemas
a paisagem corre
vertiginosa à sua volta

aquela silhueta
imprime ao horizonte
um não reconhecimento da lógica

o homem lê absorto
em confortável estética
como se fios invisíveis
desenhassem suave poltrona

o olho observador
vê uma queda
iminente demonstração
das leis de Isaak Newton
ou seja
a queda como a de uma maçã de uma árvore

não há construções
de toda a filosofia disponível
que sustentem um homem no ar
ou pior
no alto de um poste de eletricidade

para nós que o vemos
em tal posição de perigo
inspira o medo e a inveja

indiferentes ao homem
e o possível dilema alertado
dois corvos
alçam vôo
criando duas manchas
no azul perfeito do céu da tarde

5 comentários:

Anônimo disse...

Vim ver seus novos poemas, admiro muito sua escrita.

Abraços.

Gerber de Sá disse...

Digno de ser lido...
digno de ser ouvido!
digno de ser dito...!
então direi em nosso próximo sarau.

"o que é um homem no alto de um poste, se não. Um espeto humano rodeado por abismos".

Edson Bueno de Camargo disse...

nós o somos amigo Gerber.

José Carlos Brandão disse...

O poeta busca esse azul perfeito do céu da tarde.
Bela a lembrança de Magritte.

Ana Lucia Franco disse...

Admirável poema!

abrs