Edson Bueno de Camargo
no alto de um poste
um homem lê um livro de poemas
a paisagem corre
vertiginosa à sua volta
aquela silhueta
imprime ao horizonte
um não reconhecimento da lógica
o homem lê absorto
em confortável estética
como se fios invisíveis
desenhassem suave poltrona
o olho observador
vê uma queda
iminente demonstração
das leis de Isaak Newton
ou seja
a queda como a de uma maçã de uma árvore
não há construções
de toda a filosofia disponível
que sustentem um homem no ar
ou pior
no alto de um poste de eletricidade
para nós que o vemos
em tal posição de perigo
inspira o medo e a inveja
indiferentes ao homem
e o possível dilema alertado
dois corvos
alçam vôo
criando duas manchas
no azul perfeito do céu da tarde
5 comentários:
Vim ver seus novos poemas, admiro muito sua escrita.
Abraços.
Digno de ser lido...
digno de ser ouvido!
digno de ser dito...!
então direi em nosso próximo sarau.
"o que é um homem no alto de um poste, se não. Um espeto humano rodeado por abismos".
nós o somos amigo Gerber.
O poeta busca esse azul perfeito do céu da tarde.
Bela a lembrança de Magritte.
Admirável poema!
abrs
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