sábado, 28 de junho de 2008

estigmas

Edson Bueno de Camargo

uma ave de cor negra pari o céu
reflete nos olhos a asa escura
como a noite que habita no oco do espaço
as penas de aço impuro

dos corpos de homens manufaturados em sangue
do fogo que vem desde à escuridão do caos
dos lumes espectrais da criação
de como estrelas negras devoram a luz
do horror que preenche o nada
dos brincos de cigarra vivas em banho de ouro
da língua inflamada dos homens convertidos em abutres

incendeia seus corpos em frágeis estigmas
a fome do corpo enturva a fome da mente
as feridas que se abrem em flores cítricas
milagres santificadas e delírios
em brancas imaculadas em crescentes fractais
de uma matemática orgânica e antecessora
de círculos que se explodem para dentro do âmago

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