Edson Bueno de Camargo
uma lâmina de machado
fita longo o tempo, uma esmeralda
líquida
que cobre a areia
de cinzas vulcânicas
gozo de deusa
(calor de vulcões
que recusa o tabernáculo,
onde não entram fêmeas)
há um grito neolítico encravado na espinha dorsal
cortam pelos e madeiras cruas
crânios tomados ao inimigo
a orelha estabelece dois pontos
de fuga
em sangue encardido
comem as nuvens vermes ancestrais
criaturas que primeiro sonharam e se sentiram
que produzem duas luas plenas e férteis
derramadas
de amargo medo e coisas pequenas
amiúde o tempo fermentou das dádivas
dos novos deuses
(mas, não se calaram os mais velhos)
cabem em folhas de carvalho
marrom claras quase terra
uma dança ocre
recobre faces novas
e copas de chifres
bebamos
2 comentários:
Belíssimos poemas, gostei muito!
Abraço!
Criei esse novo blog porque estava cheio do outro, nem lincar eu não conseguia. Mas logo desanimei. Voltei esses dias, espero continuar. Como a poesia: faço principalmente para mim.
Gosto de ver o Lagarta de Fogo. Gosto da sua poesia. Sinto-a bem próxima da minha. Ou eu estive fazendo esse tipo de imagens que você faz - quando tinha a sua idade. Não sei se me lembrei de que era mais velho e voltei aos trilhos antigos. Ou voltei porque era mais velho (não porque me lembrei) e tinha aprendido a andar em outros trilhos - ou trilhas, para não me chamar de tão bitolado. O fato é que eu navego em muitas águas. Bom. Falei demais. Espero que tenha compreendido que os nossos poemas não se repelem tanto. Aliás, poesia alguma se repele. E gostei especialmente do "centro geodésico".
Abraços!
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