Edson Bueno de Camargo
e tu
que pisas distraída em estrelas
(como se fala na velha canção)
o fósforo de teu sorriso
ilumina esta noite
em que aguardo ansioso
o retorno da lua em meu sol
(ou em teu, não sei)
tu que traz no ventre o cheiro e o som da relva
( e ali me deito esplendido)
tens a voz de água corrente
chuva caindo
e ave migrando para o norte
é trágico amar desta forma
não se opor ao vento e à chuva
caminhar como se o abismo não existisse
na mão fechada carregas um segredo de menina
um pedaço de luz colhido agora
envolvido em gaze e linho
conto cataclismos em teu novo olho
aquele que te dei
para enxergar horizontes
aquele que ainda não foi revelado
esta noite entôo as cantigas suicidas
e dou de comer a uma ternura
com pão molhado em orvalho
para que esta me segrede
ao ouvido
o terrível destino dos peregrinos
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