domingo, 18 de junho de 2006

copos abandonados

Edson Bueno de Camargo

andar pela casa vazia
em outra noite com areia nos olhos
e grilos nos ouvidos
se fazer de sonâmbulo
no tropeço no escuro

copos abandonados sobre a mesa
poeira sobre os livros

arrepio ao olhar para o escuro
sabe-se
no canto obscuro
as aranhas tecendo em linho
com teia, destino e vítimas
para que o usemos como mortalha

dormir na cama sozinho
depois do tempo remoto
andar sobre o vidro moído
de verde e ressentimento
é como alugar o corpo
e viver a ausência
acordar de sobressalto
suando e sem memória
com
o uivo dos lobos
que circunda a casa

esta, que sem você
passa a ser meu eterno pesadelo

Nenhum comentário: