sábado, 27 de fevereiro de 2010

deserto


Edson Bueno de Camargo



formigas carregam
o amarelo
que um dia
foi trazido pelo vento

observado bem de perto
o meio fio
é um deserto de pedras vermelhas
aridez de obstáculos ardentes
tudo é sólido granito

mesmo depois de nossa espécie extinta
as formigas carregarão
as flores caídas na rua





I PRÊMIO LITERÁRIO CIDADE POESIA – poema classificado em 16º para publicação em antologia  - Poesia: Deserto -  promovido pela Associação de Escritores de Bragança Paulista - ASES em parceria com a Prefeitura Municipal de Bragança Paulista, por intermédio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Bragança Paulista -  2009.

nós feitos de cabelo


Edson Bueno de Camargo



criam aos poucos
uma mulher
de pés e pele
elétricos

a mão em forma de cunha
tulipa antes de abrir
sinal dos deuses
óleo que destila das pontas
(dos pelos)

dedos de pedra azul
céu turvo à tarde
de primavera que reluta o inverno

e a solidão sempre nos encontra
caminhando na rua molhada

pés de inseto

Edson Bueno de Camargo


uma folha atravessa a rua
com pés de inseto

o vento insufla a vida
mesmo onde não há de ter mais

a folha caída da árvore
é só lembrança
do que foi
(árvore)

assim somos nós
os que se sentenciaram caídos