Edson Bueno de Camargo
a minha pálpebra esquerda
carrega o peso de uma casa
casa de amplos ambientes
salas e objetos em desordem
o peso cronômetro
aumenta ao movimento do ponteiro
a minha pálpebra canhestra
já desdobra
como um vício
porque a água que a casa traz
já comeu séculos de vento
e a chuva precipita à chegada da tarde
monjolos batem igual a um ponto
batuque de grão esmagado
ritmo sem pressa da farinha grosseira
das que os dias nunca terminam
e nunca ninguém passa fome
a pálpebra verga à noite
quando finalmente durmo
Um comentário:
E é a pálpebra esquerda...
Adorei esse poema, do começo ao fim, sem pestanejar.
Muito bom!
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