quinta-feira, 19 de março de 2009

líquida

Edson Bueno de Camargo

a chuva é fantasma
esta tarde
(e todas que a sucederão)

e tudo se dilui
nesta água que não existe
onde deslizam naufrágios de planadores com dois pares de asas
e cortes profundos na superfície

no entanto
é líquida
e se cicatriza

Um comentário:

José Carlos Brandão disse...

O poeta/ícaro perdeu as asas,
restaram-lhe as cicatrizes.