sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

banho-me

Edson Bueno de Camargo

banho-me em águas cruéis
enquanto observas
em cálido objeto desejo
de ser tragédia e chama

conduzo a chuva
entre medos
em puro verde e rosas pálidas

dentes-de-leão
cresceram em tua porta
porque plantas silêncios às escondidas

ri de minha tolice
a dama que desvenda os meninos
destes que choram no escuro
e se afundam nos seios das mulheres
tristes e libidinosos a buscar alento em tanta fartura
como se isso
lhes desse as respostas esperadas

devo beber deste leite
buscar regaço
na floresta úmida e trágica
ou
em nuvens de pó
deste deserto agora

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