quarta-feira, 4 de julho de 2007

balões azuis

Edson Bueno de Camargo

para Carol Severiano

balões azuis suicidas
atravessam pela contra-mão
transeuntes transtornados
- gritam
(o som não sai
como em um pesadelo)

martelos de vidro
capturam pálpebras
naquela tarde distraída e cansada

um velho alheio
salva o objeto inflável
da agonia de alhures

ponteiros do relógio da praça
fincam lanças na íris do Sol
que fatigado
dissolve em laranja

- é hora de voltar para casa
onde os medos que moram no escuro do porão
esperam

2 comentários:

Jo Barranova disse...

depos de tanta coisa pesada relatada na oficina, tinha até me esquecido desse fato poético da carol...
leio sempre, mas as vezes tenho medo dos seus finais de poemas...

Edson Bueno de Camargo disse...

Este balão azul me rondou o sono.
As vezes até eu mesmo tenho medo destes finais, quem baila na beira do abismo corre sempre o risco de cair.