de Edson Bueno de Camargo
mulheres com dores
vestidas com plumas
de mães serpentes
mordidas por narcisos
recém abertos
miram-se como flores
com asas coloridas
alpaca subindo a montanha
o sol fendendo o céu
há as que carregam bandeiras
de carmim esfarrapadas
as que vomitam soldados
as que arrancam os cabelos pelas suas
mortes
e outras
que arrastam o ventre ao chão
coroas de espinhos ornadas de louro
e conduzem suas casas às costas
e fogo ameno e folhas de zimbro
arrastam correntes de cães
e pesos para balança de peixe
nas pontas dos dedos
arcadas de madrepérola nos ouvidos
e pequenas conchas nas orelhas
mulheres com dedos de terra
e arado de madeira
e faca de ferro ao cinto
transportam bálsamo e água
e muitas outras coisas que portam
acentos agudos na letra”A”
servem chá de ervas aromáticas
em potes de terracota
e dançam como o vento em torno do fogo
e rodopiam até as alturas
há de serem acompanhadas pelas anciãs
há de trazerem para a aldeia
o espírito dos ancestrais
há de rebentar pela sua luz
os novos entes
os que caminham
desde tempos idos
o porvir
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