Edson Bueno de Camargo
um pássaro aberto no vento
em atitude
de desvendar continentes
e derribar abismos
a partir de um estilhaço
de ferro no centro do cérebro
fazer a corte
às pedras
(sina de gigantes)
e sua dor consistente
dobrar o espaço em partes semelhantes
como colcha e lençóis
aproximando as realidades
no quântico hino do poema
e sua alquimia léxica
tudo se consome em espelhos
lavados em sangue limpo
de línguas mutiladas
pelo duro cristal da palavra
lavrada em vidro vulcânico
com letras fincadas na pele lisa
vão dos dedos
a membrana que lembra
que já fomos filhos da água
(a ave mergulha no mar
com a certeza líquida
que o oceano não é sólido)
Nenhum comentário:
Postar um comentário