sexta-feira, 14 de novembro de 2008

extinção

Edson Bueno de Camargo


1

trilha de peixes
sobre a areia do deserto
suas manadas errantes
levantam poeira sob a lua
a sina de nunca fechar os olhos
e ter sonhos ainda acordados

costuram a noite em dias
guiam-se pelo magnetismo da terra
possuem imãs mergulhados em seu cérebro
as pedras que lhes dão equilíbrio
carregam o cálcio
o metal calcinado dos ossos

não são serpentes
e suas trilhas sinuosas entre as pedras
mas carregam no ventre escamas para o movimento
em nenhum momento param
o ir é todo o destino a que se reservam


2

as estrelas assistem ao longe nossa extinção
testemunham os nossos sofreres
brilham independentes de nossas lágrimas

à distância tudo é belo e completo
mas as pequenas coisas
é que de fato são importantes

3 comentários:

whisner disse...

edson, estou conhecendo um pouco mais da sua poesia. abs!

Jorge de Barros disse...

cabe a nós escrevermos os últimos poemas?

Edson Bueno de Camargo disse...

Ou eles nos escreverem.