quarta-feira, 1 de outubro de 2008

nova pele

Edson Bueno de Camargo

sinto-me desconfortável
sob esta nova pele
suas texturas ainda não são minhas
não me acostumei ao novo animal

nutro sentimentos
de sangue frio
de engolir presas vivas

sangram as partidas ao vento
em partituras de uma missa sacra
partículas de música barroca
em velame oriundos
da alma de violinos

casa de serpentes aladas
em suas penas de brilho azul
descer escadas de cerâmica aguda
que destaca a pele de meus pés

a tudo suporta a dor
o horizonte suporta o céu de carmim intenso
e a leve sensação de abandono

substitui
teto de orbes escurecidas
de noites de inverno sem luz alguma
algo de olhos de réptil observando

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