domingo, 1 de abril de 2007

margueritas às três horas da manhã

Edson Bueno de Camargo

batem à porta e não serão atendidos
os nós do carvalho soam como sinos de bronze
há um corvo morto no jardim
que deixará de assombrar meus sonhos

tulipas maduras são hélices de fogo entreabertas
como vôos de andorinhas canadenses
atravessam o continente até a porta de minha casa
nas árvores com flores amarelas em minha rua

três cavalos negros e paramentos militares
três cavaleiros alinhados portando sabres
bandeiras de guerra
em carros de ferro e rodas ruidosas

crianças bradam sua liberdade
sem perceber o incômodo que não cansam

o asfalto das vias que se continuam
paralelas em algum ponto se interromperão
o brilho da couraça do besouro
a fuligem de suas patas
conduz a precipitações metálicas da serena tristeza da noite
quando em Berlin clarinetes conduzem arrepios
o frio estridente da Alexander Platz

4 comentários:

Anônimo disse...

Ahh.. qual é...!
Só versos chapados? E cadê a tua prosa?

. disse...

Adorei. =)
O mais impressionante nesse poema é como absorve pensamentos inimaginados, como traz até ao orifício mental as idéias de forma tão concreta.

Até mais.
- já adicionei aos favoritos, e se puder deixar um link no meu blog, me avise.

Edson Bueno de Camargo disse...

Que fique claro que só poemas são chapados, estou careta a bastante tempo, sóbrio de substancias químicas, esta fase já passou em minha vida. É claro que o juízo e a razão já se perderam na Voz do mundo a muito tempo.
Estou pensando em fazer um blogue só com prosa, no entanto esta é mais rara e escassa.

Anônimo disse...

é que a gente fica com o fiandeiras cravado na cabeça e espera outro igual.. rs. É o vício. Muito bom experimentar poemas novos. Essa semana teu livro chega em goiania de presente pra uma velha amiga de faculdade...