sábado, 9 de agosto de 2014

um homem morto




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já desci esta avenida
como acompanhante de um homem morto

os carros abriam caminho
para a viatura fúnebre
como se a funesta passagem
trouxesse algum tipo
de azar

tolice

na morte todos nos
tornamos puros

a morte nada nos
acrescenta
pelo contrário
diminuímos até no tamanho
e no peso

a morte é sempre
democrática

companheiros de viagem
quando devidamente mortos
carregam profundo silêncio

(poema meditação na varanda da Casa Das Rosas, Edson Bueno de Camargo)