Edson Bueno de Camargo
os ossos
são o cavo do lenho
como das árvores
onde corre
nossa seiva
desde o tempo de nossos avós
onde se formam
nós
de duro desate
são nos ossos
onde nossa alma
é mais frágil
percorrem dentro dos músculos
nos moldam e nos sustentam
e carregam o peso do tempo e do frio
também suportam
(não sem o seu preço)
dores ocultas
e inconfessáveis
3 comentários:
Uma vez, eu era criança - faz mais de meio século, vixe! -, fui apanhar uma bela goiaba no quintal de casa imenso como o universo e... havia uma taturana no meio do caminho. Fiquei com o braço em brasa. Perdi a graça e o escapulário - não conhecia o provérbio? Acabei de inventar.
Vou descer desta bela goiabeira antes que sai queimado mais uma vez pela lagarta de fogo - e é bela a danada!
Abração.
Há um convite a acariciá-la. Estava carpindo um trecho de mato com meu avô e pisei em uma delas alguns dos sintomas estão descritos no poema.
Acho que a poesia é algo assim, não deveríamos acariciar, porque nos queima, mas como deixar de fazê-lo.
Goiabas, a que compro na feira não tem o mesmo gosto da tirada da árvore.
Lembrei de um trecho de Fagner. "Ninguém sabe a natureza dos meus infernos diários...", os ossos sabem.
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