Edson Bueno de Camargo
I
a fábrica
numa tarde
imensa
tijolos vermelhos
jaziam quarenta ventos
em postes iluminados
(vaga-lumes?)
trouxe-lhe um buquê de rosas
vermelhas
(na verdade era uma só)
falaram todas
um anel de uma pedra
a aliança se guardou
louças brancas no jantar
II
olha
embotado
(de sangue?)
o chão da fábrica
labirinto
de ladrilhos gastos e sujos
brinca
com os dentes expostos
encanamentos sobre a parede
qual vegetação
onde estão os brincos de ouro
o ouro das jaquetas nos dentes
ouro outro que luzia os seus olhos
teias de aranha
poeira secular
goteiras no velho telhado
a fábrica vazia
assim vazio o meu corpo
tal qual copas
no baralho aberto
o último suspiro
supera
retábulos
rótulas
ritos
cruzes que se atracam
nuvem no céu escuro
dê - nos
o que não tem
a paz
III
a secura de teus olhos
não me olham
porque entre as pernas
tens um diamante
(rubi?)
eu preciso lançar-me em braços
quebrar todos os protocolos
mesas e cadeiras
dar-me ao duro corpo
“um copo de cólera”
dar-me ao mesmo duro dia
o nome de um dia
a semana passa
devastada de seus dias
balanço a cabeça
Nemo nunca se encontrou
mesmo o duro golpe
um gole de vinho
já te encontrei
outros dias
o gozo antecede
o medo
já te tive
como mulher tantas e outras vezes
sempre parece a primeira
sempre é tímido o corpo
sempre a minha senhora
dulcemente
envolver meu rosto
com seus cabelos
em espanhol seriam
sus pelos
Um comentário:
eu n�o sei como o willer encontra tanta coisa pra mudar nos seus poemas... Eles j� s�o t�o completos. Um abra�o!
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