Edson Bueno de Camargo
tragam as maçanetas e os gonzos das portas
arranquem os pregos das janelas e portas
os ferrolhos dos armários
amontoem o bronze e o ferro em frente a porta de minha casa
a forja já muito está sendo preparada
alimentada a suor e carvão
na casa de minha bem amada
fui colher umas lágrimas (e margaridas brancas)
num embolo de cristal
havia um peixe servido à mesa
como o ventre amarelo e aberto
que se destacava entre as pratas
mandem buscar mais água
o pequeno regato já não dá mais conta
das sedes
o braseiro consome e consome
carretas de carvão de pedra entopem a estrada
da casa da bem amada
vieram as pedras para esta escada
uma tonelada de jade
do verde esculpido e puro transparente
ainda não era nascido o Sol
quando começaram novamente os martelos e as bigornas
bem cedo
a hulha queimando vermelho de uma estrela
sob as colunas de fumaça negra
este fogo
devora quimeras natimortas e recém nascidas
neste poema prosaico e sem sentido
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