quinta-feira, 13 de julho de 2006

bibliotecas do inferno

Edson Bueno de Camargo

Sempre imaginei que livros queimados em praça pública em manifestações nazistas, livros queimados em fogueiras de autos de fé, livros triturados e amalgamados em novo papel higiênico, se transportavam para as bibliotecas do inferno. Os destruidores da Biblioteca de Alexandria, trazidos ali originalmente para cuidar dos volumes desta, catalogavam e cuidavam deste precioso acervo. Depois, bibliotecários sádicos, maus poetas e beletristas, passaram a cumprir ali seu castigo eterno. Mais tarde ainda censores papais e de insipientes ditaduras completaram os cargos remanescentes.

Demônios são criaturas que tem o saber como uma de sua fomes,
a ignorância dos homens aguça mais os seus apetites.

ratos devoravam pergaminhos
como queima agora
o azeite desta lâmpada

Xeque Ahmed Yassin
cumprimenta seus convidados
com seu sorriso senil

(vi o sorriso do demônio
quando devorava crianças
com lambidas de fogo)

no dia de sua morte
uma jovem
preparara seu chá
antes de lavar seus pés

a velhice
não traz confortos
Xeque Ahmed Yassin
lembra
de sua mocidade

esta noite
além de almas jovens
imoladas no fogo
o velho morrerá na porta da mesquita

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