Edson Bueno de Camargo
agora é inverno
e isto não me traz mais que
cordas velhas quase a se arrebentar
e uns panos rotos
que mal cobrem horizontes
tudo aqui dentro
no peito
as ferramentas no tempo
e o tempo perdido entre as coisas
um princípio de ferrugem
algo semi enterrado
uma grama que cresce indolente
coisa que não tem ajuda
nem dono
de jardins a espera
de sementes a espera
como dentes de orvalho e muita mágoa a espera
de quem os vá cuidar
não fique de todo triste
pois tristeza é como dor
fica velha e não passa
mais se acostuma
se não de todo
quase em boa parte
pois somos nós
como a figueira seca
que espera melhor água
açude sangrando na primeira chuva
teima em primavera
por verdejar
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