Edson Bueno de Camargo
ela é agora uma das mulheres da casa
ou mulher-casa
- assim se podemos dizer
esta combinação alquímica
de útero e terra
umidade e calor
entranhas de pedra candente
turmalinas mastigadas
teluricomancias
que aos poucos torna estas mulheres
antes novas
em luas cheias
(toda mulher é um vulcão domesticado
a guardar terremotos em seus zelos
e perigosos orgasmos)
são para a casa
outras e as mesmas
suas águas e suas telhas
o chão que se pisa e o céu sobre as cabeças
estas
que puxam cordões pelo umbigo
de onde tiram as fibras
ao qual se atam as meninas e depois os meninos
para que não vão embora
(e vão)
(rompendo em choro à suas partidas)
há das quais nos lembram como de janelas
e móveis
os gonzos das portas
retratos nas paredes
genealogias femininas
benzeduras
urdiduras e tessituras
os santos de toda a espécie (europeus e africanos, mais os que já estão com a terra)
fazem pelas suas bocas:
voz
(e estas também os homens tanto temem quanto amam)
2 comentários:
Não tem jeito...
A obra de E.B.de C. é como uma imensa casa de velha, de avó, cada texto é um cômodo: alguns alvos e arejados como sala de varanda, outros atulhados de objetos antigos, esquecidos, mágicos, e álbuns de fotografia de outrora.
Eu adoro.
Não tem jeito...
A obra de E.B.de C. é como uma imensa casa de velha, de avó, cada texto é um cômodo: alguns alvos e arejados como sala de varanda, outros atulhados de objetos antigos, esquecidos, mágicos, e álbuns de fotografia de outrora.
Eu adoro.
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