Edson Bueno de Camargo
a poesia, objeto fetiche
árvore vodu nos jardins de acácias e bétulas
aves metamórficas
voam com bexigas natatórias de peixes vampiros
lampréias de dentes afiados e sede insaciável
criaturas primevas de tempos sem memória
serpentes emplumadas sob o sol venusiano
pirâmides astecas sobre o solo de outro planeta
figuras aborígines
terraços de terra do sonho e pedras do deserto
cobertos de terra vermelha
óxido de tudo o que é enferrujável
tatuagens e sinais de branco intenso
mãos espalmadas e lembranças do improvável
amuletos de sangue de irmãos amados
dentes tirânicos de ferro de irmãos armados
titãs lamentosos de suas desgraças
nós humanos os seus filhos
e todos os alijados da palavra
vítimas de incontáveis silêncios
esperando que o verbo nos redima
na pedra do primeiro sacrifício
imolam-se os mesmos dedos inexatos e infanticidas
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