resta uma réstia de luz
e as folhas se acumulam no quintal
é voraz a fome do vento
devora papéis velhos e sonhos que estão soltos
no outono de lua azul
o corredor é a desolação da tarde
do mesmo modo que campeia
a noite que está por vir
o ventre inflado
de tristeza morta e apodrecida
os galhos da árvore acenam
são fantasmas vistos pela janela
e o medo do escuro recorda a infância perdida
no beco feito de álcool e naftalina
vergões nas costas: água, vinagre e sal
dividi o pão dos esquecidos e amanheci novo e velho
perdido feito uma criança em meio a tantas guerras
cabelos brancos e falta de senso de direção
os olhos não aprenderam nada
e nada tem para ensinar a mão
ouvi então um coro de anjos tortos
entoavam um blues para New Orleans
quantos furacões a devastar nossos corações
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