Edson Bueno de Camargo
Belo tal qual o sumo dos poemas
Para elevar minha alma além do gozo
Jorge de Barros
Para elevar minha alma além do gozo
Jorge de Barros
nunca te escrevi um soneto
desta chuva de setembro, teus olhos
da primavera entrando nos poros
de maneira líquida e insone
flutuo no vácuo da morte
se te enchem luminares de lágrimas
afogo-me nestas poças salgadas
abandonar-se à maré que me trazes
nunca te escrevi um soneto
não pela falta de desejo
mas pelo fato de incompetente
estar permanente mutilado pelo verso
então te cantarei ao meu modo
em odes confusas, quebradas e incompletas
trovador, menestrel ou bobo da corte
pois és majestade em minha insolente existência
eis que te amo acima de minhas incapacidades
que na ausência de sonetos
buscarei nas tardes quentes do verão
ser uma brisa em teus cabelos
na inexistência da métrica
serei a medida de teus passos
ser a estrada em que caminhas
tornar-se suave para teu andar
na impossibilidade da rima perfeita
ser o cântico que te embala ao sono
verso inconcluso, cobertor de estrelas
Urano todo ciumento de tua amada
4 comentários:
esse é o edson caieiro, reis ou campos?
Nunca me pensei como Pessoa, talvez Caieiro.
O silêncio de um gesto de amor e maior e mais belo que qualquer palavra escrita, por isso o sofrimento do poeta de não conseguir escrever a quem ama da forma que escreve a quem o lê.
Se amassemos todos os nossos leitores não conseguiriamos mais escrever uma só linha, uma só rima, uma só frase.
Uma vez um amigo me disse que deveríamos escrever o silêncio, como fazê-lo? O silêncio como a solidão nos preenche por dentro, mas é indizível.
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